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sexta-feira, 11 de março de 2016

Primavera Silenciosa

Primavera Silenciosa- Rachel Carson (1962)
"Em áreas cada vez maiores dos Estados Unidos, a primavera chega agora sem ser anunciada pelo regresso dos pássaros, e as manhãs, outrora preenchidas pela beleza do canto das aves, estão estranhamente silenciosas. Esse súbito silenciar dos cantos dos pássaros, essa obliteração da cor, da beleza e do encanto que as aves emprestam ao nosso mundo se deu de forma rápida e insidiosa, sem ser notada por aqueles cujas comunidades ainda não foram afetadas." (p. 96)

Primavera sem o canto dos pássaros é só uma das várias consequências pelo uso dos pesticidas organoclorados descritas por Rachel Carson nesse livro. Nesse livro, ela alerta toda a população dos perigos desses elementos, em especial o DDT. 

Carson licenciou-se em 1928, na Universidade para mulheres da Pensilvânia. Em 1932, fez mestrado em Biologia Marinha na Universidade Johns Hopkins. Lecionou zoologia por pouco tempo na Universidade de Maryland, e em 1936 começou a trabalhar como bióloga no Departamento de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos.

Escreveu três livros com uma perspectiva bem diferente sobre a vida marinha: Under the Sea-Wind (1941), explicando sobre o pilrito-das-praias, uma ave marinha; O mar que nos cerca (1951), que ela fez após uma extensa pesquisa oceanográfica, e lhe rendeu uma grande lista de prêmios. Por último, escreveu The Edge of the Sea (1955). Assim, ela se tornou, na época, a escritora de ciências mais respeitada dos Estados Unidos.

Rachel resolveu levar a fundo a ideia de divulgar os males causados pelo uso de pesticidas organoclorados, a fim de conscientizar a população em geral e combater o uso desses venenos em potencial. Para isso, ela fez uma extensa pesquisa na área, entrevistando várias pessoas, desde doutores no assunto até camponeses falando das consequências visíveis a eles diariamente.

O DDT foi usado inicialmente após a Segunda Guerra Mundial, para combater os mosquitos causadores da malária. Começou a ser usado na agricultura logo após. Seu uso como inseticida é bem barato e eficaz a curto prazo, mas pode ter consequências mais graves a longo prazo. Pode causar câncer, e afetar várias espécies animais e vegetais. É uma substância insolúvel na água, mas solúvel em compostos orgânicos.

O livro tem uma linguagem bem simples e direta. Foi publicado inicialmente em séries, na revista The New Yorker, e três meses depois publicado como livro. 

Sua publicação desencadeou vários debates, levando todas as pessoas a pensarem nesse assunto, que até então era mascarado pelas indústrias químicas. A imagem de Rachel foi manipulada pelos que lucravam com a venda do DDT, que usavam o fato dela ser mulher para tirar a credibilidade do livro.

Rachel depôs à Comissão do Congresso, em 1964, dizendo que "um dos direitos humanos mais básicos é o direito do cidadão de estar protegido em seu lar contra a intrusão de venenos aplicados por outras pessoas". Segundo ela, "o governo permitia que substâncias químicas venenosas e biologicamente potentes caíssem indiscriminadamente nas mãos de pessoas ampla ou totalmente ignorantes de seu potencial de danos". Ela morreu no mesmo ano, sem poder ver o real impacto que seu livro causou.

Para muitos, Primavera Silenciosa mudou o rumo da história. Foi aí que a população em geral começou a "abrir os olhos" em relação à poluição. O livro influenciou à atitudes dos governos, como a Conferência de Estocolmo, em 1972. O DDT foi banido de vários países a partir da década de 1970. No Brasil, sua proibição só aconteceu em 2009.

Primavera Silenciosa foi feito por uma mulher inovadora em sua área. Apaixonada por estudar a vida, e não queria deixar que ela acabasse, só pela tentativa de matar alguns insetos e pragas.

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